Um exemplo real de luta e superação, Francisco transformou a limitação em experiência.
O dia 21 de setembro foi oficializado, em 2005, através da lei nº 11.133, como o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiências, uma forma de oficializar uma data que já era celebrada desde 1982 por movimentos sociais ligados à luta por melhor qualidade de vida para esse grupo. No Brasil, segundo o último Censo do IBGE, em 2010, existem mais de 45 milhões de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência. São pessoas que lutam, dia após dia, para superar suas dificuldades e se reinventar no dia-a-dia.
Um dos grandes exemplos disso é o otaciliense Francisco Carlos Gomes de Liz, 57 anos, o popular Chico da muleta. Nascido em 1964, o pequeno Francisco foi uma das vítimas da epidemia de poliomielite que se alastrou pelo Brasil naquela década e, ainda com menos de três anos de idade, acabou vitimado pela doença.
Chico chegou a andar, com a ajuda de alguns aparelhos, até que o crescimento foi fazendo com que sua perna perdesse forças. "Foi então que um senhor, que tinha uma marcenaria, quando eu tinha 14 anos, fez uma muleta, me chamou e disse: "Oh rapaz, essa aqui vai ser sua perna"", conta Chico, que num primeiro momento abandonou a muleta.
Com o tempo porém, ele começou a utilizar o equipamento, gostou e transformou o que seria um símbolo de limitação numa extensão de si. "Agradeço muito ao pai da denise, o véio Machado, como dizem. Foi ele quem fez a muleta pra mim", relembrou, citando que sua muleta o ajudou, ao longo de sua vida, a fazer muitas amizades.
Amante de futebol - uma história pra outra matéria que, em breve, o Correio Otaciliense vai produzir - Chico conta que é um exímio nadador. "Rapaz, eu sou um peixe pra nadar. Quando eu era novo, nós ia junto, tudo piá, e eu pulava ali de cima da ponte do Igaras com os piá", entrega, junto com uma gargalhada.
Ele relembrou, ainda, episódios de preconceito que sofreu e conta sua receita para superar essas situações difíceis que, em pleno século XXI, ainda insistem em acontecer em nossa sociedade: "Eu sempre levei na esportiva. Há dois anos, mais ou menos, eu estava no ginásio e sentaram dois piazinhos, que queriam saber como me deu paralisia, e eu contei a história pra eles. O Lucas (Erthal, diretor da Apae) viu e me disse que eu tinha que ser um palestrante", afirmou, relembrando um dos poucos desejos que ele não conseguiu realizar: participar como atleta profissional numa paralimpíada.
Bem, não dá pra cravar que ele, um dia, não vai alcançar a realização deste sonho também. Chico é gente da gente, símbolo de superação e, com sua história, homenageamos todos os portadores de deficiência da Capital da madeira, de Palmeira e Bocaina do Sul. Todos são mais que especiais.
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