"Morena dance, devagarinho, Esse xotinho que eu fiz pra ti. No teu jeitinho que eu adoro, Encabulada, você olha pra mim". Alegria, ritmo, talento e muito bom humor. Foi assim que o palmeirense Volni Jerônimo Pereira, o Fera, 61 anos, entoou uma de suas principais canções para nossa reportagem, que esteve em sua casa na sexta-feira (07) para conhecer um pouco mais da história deste compositor de mão cheia.

Relembrando a infância difícil de trabalho na roça, ele conta que desde cedo o dom da música lhe acompanha. "É Deus que dá o dom né? Eu nunca peguei em nenhum instrumento, sempre lidei na roça, e eu ia fazendo e cantando os versos", conta. Sempre bem humorado, o dom lhe rendeu reconhecimento e os frutos começaram a aparecer. Com quatro CD's gravados, e já com convite para gravar o quinto, Fera é um dos artistas locais requisitados para animar bailes e outras festividades tradicionalistas. Segundo ele, sempre por diversão. "A turma pede né. Eles querem. Vou pra fazer bagunça só, meio sozinho, sem companheiros, mas sempre que surge uma oportunidade que possa fazer a gente faz daí, né", conta aos risos.

Com tanta música na bagagem, fera não se lembra de quando compôs a primeira canção, e nem qual foi a primeira, mas lembra com carinho do primeiro CD gravado. "Foi em 2007 que eu gravei o primeiro CD. Foi meio de repente. Eu sempre gostei da música, aí inventei de gravar um CD, deu certo e gravei, e estamos indo pro quinto já", revela.

"Isso é só Deus quem dá", conta

Gratidão é uma das palavras que ele usa quando o assunto é sua trajetória na música. Segundo ele, não se lembra de momentos ou ocasiões especiais na área. "Não posso reclamar. Todo momento é bom. Talvez apenas a gravação, porque é algo que a gente sabe que vai ficar uma coisa que a gente tá fazendo", reflete.

Sobre a música favorita, ele despista dizendo que música é como filho, mas se entrega cantando os refrão de "Joinha do Coração", cujos versos abriram esta matéria. Uma última curiosidade sobre o compositor é que ele nunca tocou nenhum instrumento ou estudou música, e todo o processo de composição é natural. "Vem a ideia, eu vou e faço o verso. É um dom que a gente tem, por isso que eu digo que não importa o dinheiro, isso é Deus quem dá. Vem o verso e eu faço um xote ou uma vaneira", finalizou.