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Aprenda a lavar a louça!

Coluna publicada no dia 27/11

Enganam-se os leitores que acreditaram ser esta uma conversa machista ou feminista. Detesto desapontá-los, mas conversaremos hoje sobre a importância das tarefas simples.

Empresários, técnicos e operadores já se depararam com a sensação de que o processo que estão executando poderia ser mais eficaz. E, entre outras coisas, falaremos do porquê escolhemos a palavra “eficaz”, ao invés de “rápido”, “barato” ou “eficiente”.

Há mais de vinte anos, numa aula da pós-graduação em Engenharia de Produção, um professor nos disse a frase que naquele momento achei muito simples e ao longo dos anos fui entendendo como cada vez mais complexa: Aprenda a lavar a louça!

Mais recentemente, Jordan Peterson ficou conhecido pela frase: “tidy your room” ou arrume seu quarto. O contexto de Jordan é mais no sentido de “antes de querer salvar o mundo, arrume seu quarto” e por isso vamos voltar à louça. Contudo, imagine quaisquer processos, seja ele fabril, industrial, contábil ou caseiro: que vai encaixar. Da mesma forma, vamos analisar o ciclo PDCA, mas vale também para a filosofia 5S, Seis Sigma — e até para o sempre atento chinelo da mamãe.

Planeje primeiro. Veja se todos os recursos estão disponíveis antes de iniciar. Observe quais louças serão lavadas primeiro e onde serão postas para secar as mais delicadas e as mais afiadas.

Certifique-se de que o detergente, a esbonja e a água sejam suficientes. Lembre-se, negligenciar o planejamento está a um passo do fracasso e da insegurança.

Planejamento OK, mãos à obra: Faça! (O “do”  do PDCA). Não de qualquer jeito ou em qualquer ordem. Primeiro organizar as louças por tipo, depois enxaguar para tirar o excesso. Depois o detergente esfregado em todas, novo enxague e pô-las para secar. Experimente e note quanto recurso é economizado desta forma. Quantas ações desnecessárias eliminadas e, principalmente, perceba que nada é mais improdutivo do que fazer rápido algo que não necessitava ser feito (entender isso é começar a ser eficaz).

Depois que Henry Ford inventou essa técnica – de separar um problema grande em pedaços pequenos – ele percebeu que haviam processos e peças que podiam ter sua ordem alterada, eram intercambiáveis; e outros que deveriam ser preservados. Ele melhorou tanto que até inventou a folga do final de semana.

Agora começa a parte legal e que normalmente não é feita. O “C” do Checar o que fez. Ver se o planejado aconteceu. Vale chamar outro membro da casa para confirmar se o resultado foi o esperado e ver o que ele contará aos demais. Contudo, nada substitui o seu olhar. As louças ficaram limpas? O que poderia ter sido melhor, mais rápido ou mais econômico? Registros ajudam muito aqui, mas calma, nada complexo por enquanto.

Agora só falta o mais difícil, a última letra. Aqui sua capacidade de adaptação será testada, pois chegou a hora de Agir. E se você deixasse as louças mais engorduradas abaixo daquelas que estão passando pelo segundo enxágue? E se lavasse as maiores primeiro, ou por último? É a hora de pensar no que pode ser mudado. A hora de padronizar. Sem entender por que a louça está suja, como, quando e porque deve ser lavada; jamais se tornará um mestre.

Depois, é só praticar mais, que melhores resultados virão. Dica: Se precisar de ajuda, peça uma atividade específica, não o processo todo aleatoriamente. Seja sincero, isso aumenta muito a chance de ser atendido. Você agora será um inquieto em busca de uma perfeição que jamais chegará, mas terá a certeza de que é uma pessoa e um profissional um pouquinho melhor do que era antes.

Encontrado o melhor método é hora de compartilha-lo, hora de demonstrar sua responsabilidade com o todo. Agora você está no nível de mestre das louças e deve ensinar aos pequenos gafanhotos. Então, segue um conselho: Deixe e estimule que eles participem das decisões.

Afinal, você não vai querer que sua casa perca a bela lavação de louças que você fazia e ganhe um supervisor de lavação ruim. Lembre-se, essa é aquela pequena taxa de investimento, que traz um ótimo retorno. Mas isso é assunto para outra conversa.

Antes de terminarmos outro lembrete: Não se trata de fazer tudo diferente a cada tentativa e nem de apresentar algo novo todo dia. Trata-se de fazer o simples bem-feito e aperfeiçoá-lo um pouquinho cada vez.

No fim, trata-se simplesmente de aprender a lavar a louça e de ficar feliz com o resultado.

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