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Tradição e sabor: O queijo artesanal de Dona Verônica Ribeiro da Costa
No interior de Otacílio Costa, na tranquila localidade de Casa Vermelha, a tradição e o sabor se mantêm vivos na produção artesanal de queijo de Verônica Ribeiro da Costa, de 61 anos. Há três décadas, ela faz queijos com dedicação e carinho, preservando um saber que aprendeu com sua sogra, mas que, ao longo dos anos, aperfeiçoou à sua maneira.
Casada há 43 anos com Ademir Ribeiro da Costa, de 66 anos, Dona Verônica conta com a ajuda do marido na ordenha das quatro vacas leiteiras. Juntos, mantêm uma rotina simples e produtiva, transformando o leite fresco em um queijo que, segundo ela, conquista a todos que experimentam. “As pessoas sempre elogiam o nosso queijo, deve ser bom”, comenta com humildade e um sorriso no rosto.
A produção é voltada para o consumo próprio, e a cada dia ela faz, em média, dois queijos. Para cada quilo de queijo, são necessários cerca de nove litros de leite, um processo que exige paciência e conhecimento. O resultado é um produto caseiro, feito com ingredientes naturais e um toque especial que só a experiência pode proporcionar.
Além do casal, a família se completa com o filho Alcione, a nora Janaina e a neta Luiza, de apenas três anos. A pequena, desde cedo, cresce cercada pelos sabores e tradições da roça, onde o tempo passa mais devagar e o respeito pela terra e pelos animais é essencial.
Dona Verônica é um exemplo de como a simplicidade pode se transformar em uma verdadeira arte. Seu queijo, feito com dedicação e história, é um símbolo da cultura rural de Otacílio Costa, preservando saberes passados de geração em geração.
Queijo Artesanal Serrano: Tradição centenária e dificuldades na comercialização
A história do queijo artesanal serrano remonta ao século XVIII, período do tropeirismo em Santa Catarina e do surgimento das primeiras propriedades rurais na Serra Catarinense. Produzido a partir de técnicas que vieram com os portugueses, esse queijo carrega uma identidade única, resultado de saberes transmitidos de geração em geração há quase três séculos.
Atualmente, mais de duas mil famílias produzem o queijo artesanal serrano nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, movimentando cerca de 1,6 mil toneladas por ano e gerando um faturamento bruto estimado em R$ 21 milhões. Sua fabricação ocorre, predominantemente, em propriedades dedicadas à pecuária de corte, utilizando métodos tradicionais, mão de obra familiar e baixo nível tecnológico.
O diferencial desse queijo está na sua matéria-prima: ele é feito com leite de vacas de raças de corte ou mista, alimentadas com pastagens nativas, o que resulta em um maior teor de gordura. A textura amanteigada, o aroma e o sabor intenso, que se acentuam com a maturação, fazem do queijo serrano um produto diferenciado. Além disso, para ser considerado queijo artesanal serrano, ele precisa ser produzido na região de origem, já que fatores como clima, solo, altitude e vegetação influenciam diretamente no seu sabor.
Produção e desafios em Otacílio Costa
Segundo Murilo Nunes, engenheiro agrônomo da Epagri, a produção de queijo artesanal serrano em Otacílio Costa e em toda a região dos Campos de Cima da Serra ainda é, em grande parte, para consumo familiar. No entanto, quando legalizado, pode se tornar uma importante fonte de renda para os produtores, valorizando suas características artesanais e a identidade geográfica do produto. Atualmente, 53 famílias no município produzem esse queijo de forma artesanal para consumo próprio.
O secretário de Agricultura, Marzinho, destaca que a Epagri, em parceria com a Prefeitura de Otacílio Costa, realiza cursos e palestras anualmente com os produtores. O objetivo é valorizar o produto e estimular a formalização da comercialização. Um dos principais desafios enfrentados pelos produtores é a legislação vigente, que exige que a produção e a venda sejam feitas dentro das normas sanitárias.
"Infelizmente, a legislação impede que o produtor fabrique o queijo em sua propriedade e já saia vendendo diretamente, sem seguir os trâmites legais. É necessário que haja um estabelecimento adequado, a 'queijaria', que atenda às normas de inspeção e boas práticas de fabricação e manejo agropecuário", explica o secretário.
O secretário finaliza dizendo que a regularização e a valorização do queijo artesanal serrano são fundamentais para que os produtores possam expandir sua comercialização, garantindo a preservação dessa tradição centenária e impulsionando a economia local.
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