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Não se Tornar como Eles: A Importância da Oposição segundo Marco Aurélio

Infelizmente perdi este livro com minhas anotações e antes do término da leitura. Tomara que a pessoa que o encontre, desfrute tanto quando eu da leitura destas ‘Meditações’. Dito isto, vamos ao que interessa.

As últimas sessões da câmara têm demonstrado de forma inequívoca a importância deste contrapeso ao poder, que é o papel da oposição.

Não como uma força destrutiva, mas sim oferecendo alternativas viáveis e contribuindo para o aprimoramento das políticas públicas.

Não criticando tudo, e sim, promovendo um debate de ideias que fortalece as instituições democráticas.

Vereadores como o Geraldinho têm representado bem esta função e com isso angariado o respeito da população.

No livro, Marco Aurélio frequentemente lembra a si mesmo que as críticas e os obstáculos impostos por outros são oportunidades para exercitar a virtude. Ele escreve: "O que não é bom para a colmeia, não pode ser bom para a abelha" (Livro VI, 54), sugerindo que o conflito e a discordância, quando bem direcionados, podem contribuir para o bem coletivo. Bem este que é diversas vezes enfatizado: "Aja sempre de maneira que o princípio da ação seja útil ao bem comum" (Livro XII, 20).

Em outra passagem, ele diz: "Quando alguém te ofende ou te irrita, lembra-te de que está apenas agindo de acordo com o que considera correto" (Livro VII, 26). Isso reflete sua visão de que a oposição não deve ser vista como uma ameaça, mas como uma expressão natural da diversidade humana.

Marco Aurélio, um dos poucos imperadores romanos a ser também um filósofo, valoriza o aprendizado com aqueles que pensam diferente: 'Podemos aprender até mesmo com aqueles que nos criticam, pois eles nos mostram nossos erros' (Livro VI, 21). Adepto do estoicismo, pregava o desapego aos bens materiais, o controle das emoções, a virtude e a humildade. Isso do homem mais poderoso do mundo ocidental em sua época, cujas decisões impactavam na vida de milhões, por que para nós deveria ser diferente? Afinal, as interações humanas não mudaram tanto assim, ou como escreveu Marco Aurélio: "Tudo o que acontece é tão comum e familiar quanto a rosa na primavera ou os frutos no verão" (Livro IV, 44).

Falando um pouco mais sobre semelhanças, Marco Aurélio demonstra uma inclinação espiritual e moral que, em alguns aspectos, pode parecer alinhada com valores cristãos, como a humildade, a justiça e o amor ao próximo. No entanto, ele viveu em um período anterior à oficialização do cristianismo no Império Romano, e seu tratamento aos cristãos foi complexo e, em muitos casos, severo.

Ele governou de 161 a 180 d.C., uma época em que o cristianismo ainda era uma religião marginalizada e frequentemente vista com desconfiança pelas autoridades romanas.

Os cristãos se recusavam a participar do culto aos deuses romanos e ao imperador, o que era visto como uma ameaça à unidade e à estabilidade do Império. Marco Aurélio, como filósofo estoico, valorizava a ordem, a razão e o dever cívico. Mas por que contei essa passagem? Ah! Lembrei:

Embora Marco Aurélio não fosse cristão, sua filosofia estoica compartilhava alguns valores com o cristianismo, como a importância da virtude, da justiça e da aceitação do sofrimento. No entanto, o estoicismo era essencialmente uma filosofia racional e pagã, enquanto o cristianismo é baseado na fé e na revelação divina. Essa diferença fundamental explica por que Marco Aurélio não via os cristãos com simpatia, apesar de suas semelhanças morais.

Sua relação com os cristãos é um exemplo interessante da ideia de que ideias aparentemente semelhantes podem entrar em conflito por estarem enraizadas em contextos diferentes. E esse é o embate político que ora vivenciamos. Não há motivos para crer que todos não desejam o bem comum, logo o que se deseja é que a oposição continue a fazer sua parte.

Até porque, violência e execuções não parecem mais tão naturais nos nossos tempos.

Todavia, se mesmo com tudo que falamos até aqui houver ainda a necessidade de se ficar irritado com a oposição, lembremo-nos desta frase que ficou tão famosa no último filme do Gladiador e deste princípio estoico que nos convida a nos concentrarmos em nossa própria virtude e integridade, independentemente das ações dos outros: 'A melhor maneira de se vingar é não se tornar como eles.' (Livro VI, 6). E você, como tem lidado com as discordâncias no seu dia a dia? Será que ainda consegue identificar claramente as diferenças ou, no calor do debate, corre o risco de se tornar aquilo que critica?

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