
Anteriormente, escrevia a história “O Gritador”, mas, estamos no mês do Autismo, e o Dia Internacional do Autismo foi ontem (02/04) e, não poderia deixar passar um dia tão importante na luta, conquista e conscientização do TEA à frente de uma sociedade cada vez mais conectada às informações, ideias, expressões, diversidades e agora inteligência artificial.
Construir um movimento é um sonho para mim. Quando estava na sexta para a sétima série, idealizava uma fundação, no entendimento de seu poder de realizar a mudança, por possuir autonomia de atuar, projetar e construir projetos próprios, sem estar a par de limitações de quem quer que fosse. Mas esse sonho ainda está longe, e essa longevidade jamais me trouxe a desistir de lutar para orientar, conscientizar e construir uma sociedade a qual estivesse a fim de conhecer as mais diversas pessoas que aqui habitam este vasto mundo.
Ouvimos nas aulas de história, sociologia e geografia que nosso planeta é único, há diversas culturas, com diferentes formas de lidar com a realidade, cada cultura representa uma carga de história. As pessoas têm histórias, portanto, acredito e sei que cada história tem seu valor, mesmo as mais simples, sem par e sem grandiosidade que podemos ver em filmes e livros. Não é preciso existir glamour para se compreender a vida de uma pessoa que vive.
Nunca gostei de pensar que somos insignificantes perante o todo. A verdade é que, pensamos tanto em nós mesmos, que acabamos deixando de lado, entender o que aquela pessoa que se sentou ao seu lado, seja em uma Unidade Básica de Saúde, ponto de ônibus, fila do supermercado e por aí vai, pode estar passando e como um “Como você está?” pode mudar tudo. Todos têm uma história e cada uma é especial do seu modo. Há quem sonha em ter uma família e há quem sonha em ter a liberdade financeira de conhecer o mundo e viver a vida.
Conto tudo isso para podermos entender que, acima de tudo, todos nós temos algo a contar e temos a nossa presença perante a sociedade, seja pelo bem ou seja pelo mal. Nenhuma dificuldade poderá limitar a quem seja, a menos que se permita ser impedido de lutar. A deficiência é um produto social, imposto pela sociedade quando ela age para dificultar, ao contrário de cuidar, conhecer, orientar e compreender as diferentes formas de se adaptar. Evoluímos, por sermos adaptativos às adversidades que surgiram ao longo de nossa evolução, enquanto seres que pensam criticamente sobre seus atos, que possuem valores, consciência sobre seus atos e o poder de manipular objetos com seus polegares opositores.
O Transtorno do Espectro Autista, por vezes, irá ser cruel para aquele que o possui, pois o seu maior inimigo será a antipatia para suas dificuldades. Não podemos impor a um adulto um resultado eficiente, se ele viveu algumas décadas sendo julgado por não ser o ideal de uma sociedade que prega que alunos bons são os que tiram nota boa e se comportam.
Hoje, um dos maiores desafios para os autistas é encontrar par em uma sociedade que o exclui, enquanto diz que o acolhe. É bonito construir casas, lugares, espaços, tratamentos, ações para mostrar o autismo, evidenciado que nenhuma dificuldade poderá impedir com que essas pessoas sejam felizes.
Mas, a realidade é que, tudo isso passa. Quando algo ocorre, todos se voltam para aquilo, mas como o tempo passou e ninguém falou nada, vamos esquecer e continuar a viver. O acesso tecnológico à informação é incrível e tão necessário, mas é um mal quando vemos que ele faz as pessoas esquecerem ou não verem o que realmente importa, que é viver.
É preciso compreender, e para além da empatia, entender as diferenças, para construir coletivamente espaços ao qual todos serão bem-vindos. O ódio nunca será o final de uma luta a qual estamos a enfrentar. As mães, os pais, as famílias, os amigos, os colegas, todos que convivem com autistas, podem conhecer suas dificuldades, mas não podem, por vezes, compreender alguns de seus sentimentos, porque a sua diversidade é uma representação abstrata, mas que pode ser compreendida, quando se ouve e há persistência para aliviar os limites e dores.
Textos, palavras e ideias bonitas são boas, mas atitudes de lutar são o que precisamos. Sabendo de tudo isso, estive e estou à frente de persistir com meu movimento, não por mim, mas por nós. Penso em nós, em como, falar, ajudar, conhecer, inspirar irá mudar a vida das pessoas, de forma positiva.
Nenhuma antipatia irá ajudar. Nenhum ódio ou violência irá mudar. Mas um coletivo acolhedor, que ouve, que cuida irá mudar vidas.
Informamos, orientamos para cuidar. Cuidamos para conscientizar aqueles que precisam compreender, não só com o conhecimento, mas com o coração, com o afeto, com a paixão de quem pode e irá lutar a frente de defender a fraternidade e a integração completa de todas as pessoas há todos os ambientes sociais de nossa sociedade. Não falei de autismo em si, porque autismo é uma deficiência que não significa ser ruim ou pior com quem for, só significa ser diferente e precisa ser compreendido e, acima de tudo, ser visto como uma pessoa.
Por fim, deixo um convite especial para todos, que no dia 26 de abril, às 14h, em um sábado, irá ocorrer a Caminhada de Conscientização, que terá a sua concentração na Praça Victor Conde de Westarp, no centro, com ginástica laboral, seguindo a AV. Olinkraft, Av. James R. Amós até a Praça Leonel José de Souza, no Bairro Poço Rico. – A caminha de Conscientização é uma manifestação a qual tem o seu objetivo de incentivar a orientação e informação sobre o autismo e, além disso, de também incentivar a atividade física. A meu ver, é uma atitude muito positiva e que eu irei participar se não tiver nenhum contratempo no mesmo dia, o que espero que não ocorra, pois quero muito participar.
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