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Quando o Cérebro Não Vem com Manual

Coluna publicada no dia 3 de abril de 2025

Acordo, e são 8h de domingo. Lembro que a missa será às 9h — estou atrasado. Nossa, como está calor! Contudo, seria desrespeitoso ir de bermuda. Tomo café um tanto apressado (como isso me irrita). E se fosse na missa das 11h? Não! Que ideia... é só me concentrar.

8h45: estou saindo do hotel. Levarei uns 20 minutos. Minha esposa ficaria contrariada. O que mesmo a atendente disse depois de chamar meu nome? Não sei. Nossa, como Fortaleza é quente! Mas a igreja é tão bonita... Mateus 21:12–13: Jesus expulsa os mercadores do templo. Ele não estaria feliz com os cambistas que vi ontem rodeando a Catedral. Acho que aquele homem no elevador queria falar algo enquanto me olhava. Minha nossa! Quantos mendigos e drogados nesse caminho... Jesus os acolheria. Pelo menos tem muitas árvores.

O padre ainda dá as boas-vindas, com sotaque argentino forte. A Catedral é alta, linda por dentro — arquitetura gótica insuperável, mas ainda abafada. Por que não vim de bermuda? A senhora ao lado não para de olhar o celular. Por que não socializa? Pecado um: cuide da sua vida. Se as pessoas comem e conversam olhando o celular, por que não na missa? Nossa, pecado dois: não consigo parar de lembrar da piada do padre brasileiro na fronteira com a Argentina... Deixei os relatórios alinhados na mesa do quarto — fáceis de encontrar depois. Preciso comprar água; vi um posto ali atrás.

O sermão é sobre o filho pródigo. Gosto dele, mas não sei se teria a maturidade do pai. O construtor devia amar os números 3 e 5 — alinhou os vitrais e a nave central nessa disposição. "O filho gastou a herança com meretrizes..." Sabia que o padre era argentino! O irmão ficou chateado... Será que foi na festa? Na catequese disseram que a Bíblia não detalha isso. Nem tudo é "ao pé da letra". A textura dos vitrais me distrai. Santo Padre, por que buzinar em frente à igreja? Hora da hóstia: pedir algo seria pecado; pedir perdão sem arrependimento também. Só agradeço.

Se você se identificou com essa forma única de perceber o mundo — onde detalhes, associações e sentidos se intensificam —, saiba que em Otacílio Costa há 167 alunos matriculados na rede de ensino (dados de 11/2024 coletados na rede municipal e estadual), com espectro autista. A Apae já atende 46 delas (com 30 na fila de espera), mas cada uma dessas vidas tem potenciais extraordinários — basta o apoio certo.

Meu amigo Jhon Venturi e o grupo de voluntários @inclusaoautismo.oc não só representam pais e amigos de autistas, fizeram uma parceria com a AMA Serra Catarinense e promoverão eventos para conscientização e inclusão: neste mês de abril.

Inclusão não é caridade: é sobre construir uma sociedade onde todos possam florescer. Como ajudar?
✅ Siga @inclusaoautismo.oc — informação é o primeiro passo.
✅ Compartilhe esta causa — muitos nem sabem que a rede de apoio existe e que é composta por voluntários.
✅ Enxergue além dos rótulos — autistas não são "estranhos"; veem o mundo de um jeito que pode nos ensinar muito.

P.S.: Aquele fluxo de pensamentos do início? Era sobre atenção aos detalhes, sensibilidade aguçada e jeitos diferentes de entender o mundo — traços comuns no espectro autista, que muitos de nossos vizinhos em Otacílio Costa vivem no dia a dia.
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E agora você já sabe: inclusão começa quando a gente enxerga essas diferenças com respeito. 

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