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_Coluna publicada na edição do dia 20/03/2025_

Relutei em escrever sobre um tema que tanto desconheço. O medo de ser mal interpretado, sempre presente para quem escreve, desta vez somou-se a uma sensação incômoda: e, se fosse melhor o silêncio?

Mas há pensamentos que insistem, como farpas na mente. Se não falamos a respeito, incomodam. E talvez você já tenha sentido algo assim.

Por que evitamos conversas difíceis com aqueles que amamos, deixando que questões se arrastem por anos? Por que aprisionamos mágoas em espaços tão pequenos dentro de nós, até que se tornem violentas? 

O que nos impede de reunir aqueles envolvidos na dor e, compartilhando o amor que ainda existe, amenizá-la? 

Não sei.

Não sei por que nos escondemos atrás da rotina para evitar quem tenta se aproximar. Nem por que somos indiferentes ao sofrimento alheio, afastando-nos como se fosse contagioso.

Mostramos ao mundo uma versão piorada de nós mesmos, sem esforço para mudar. Deixamos que dores legítimas nos fechem para qualquer possibilidade de cura. Por quê? Não sei.

Por que permitimos que a tristeza nos defina, quando ainda há mãos estendidas ao nosso redor?

Se somos frutos de amor e parte de uma longa história de existência, por que nos debatemos em busca de propósitos inalcançáveis? Por que desejamos tanto o que já passou, ao ponto de perdermos outras oportunidades de felicidade? Ou então ansiamos tanto pelo futuro que esquecemos de viver o presente?

Não há respostas fáceis. A mente humana é um labirinto, e cada um de nós percorre um caminho único dentro dele. Sentimos, pensamos, reagimos de formas que, mesmo idênticas na aparência, nunca são realmente iguais.

E foi essa angústia que uma série despertou em mim. Katla, gravada na Islândia, é uma narrativa tão brutal quanto fascinante. Um mundo distante, mas inquietantemente próximo. Um mundo em que nem a ciência, nem a religião, nem qualquer crença explica completamente aquelas cenas.

Um cenário de lendas e desastres naturais que, ao invés de explicar, apenas nos faz sentir ainda mais a complexidade de sermos humanos.

Não direi mais sobre o vulcão Katla e suas histórias. Só posso dizer que, depois de assistir, me senti sabendo menos do que antes. E se for assistir, recomendo que o faça ao lado de alguém que ama.


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