A pedagoga Francislanny Pereira de Jesus, 40 anos, natural de Otacílio Costa, concluiu em maio o doutorado com honra, em Florianópolis. Ela que é formada em Pedagogia com complementação em educação especial, especialização em educação especial na perspectiva da educação inclusiva, nunca imaginou concluir um doutorado, mas sua persistência e dedicação mudaram o final desta história.

Ela que sempre morou na Serra Catarinense, comentou que na região não existiam tantas possibilidades em investir nos estudos, e a única universidade próxima era privada e com um valor nada acessível. “Foi aí que, então, eu me mudei em 2011 para a Grande Florianópolis e em 2012 fui aprovada no concurso público para atuar como pedagoga na Fundação Catarinense de Educação Especial. Aqui com a minha atuação sentia a necessidade de continuar em formação constante, então participava de cursos e grupos de estudos. No entanto, com a correria e demandas do trabalho, não conseguia me organizar para tentar a seleção do mestrado”.

Hoje, Francislanny trabalha na Fundação Catarinense de Educação Especial localizada em São José, vinculada à Secretaria de Estado da Educação do estado de Santa Catarina. Os dois órgãos são responsáveis por elaborar, orientar, assessorar e dar formação a Rede Estadual de Ensino Catarinense relativos aos serviços e a política de educação especial que são disponibilizados. Com isso a pedagogia atua diretamente nessas ações.

Foi então que em fevereiro de 2020, Francislanny, começou a pensar na possibilidade de mestrado, quando abriu uma seleção na Udesc. Mas a ideia, de acordo com ela, era apenas de submeter um projeto, já que ela nunca havia tentado. “Fui aprovada e iniciei as aulas em agosto de 2020. É pertinente destacar que a pesquisa foi construída em um cenário pandêmico do coronavírus o que trouxe inúmeros desafios pessoais e de escrita da pesquisa. Em 2021, ano de submissão da pesquisa à banca de qualificação, os professores recomendaram que a investigação fosse redimensionada ao âmbito de doutorado pela relevância da pesquisa. Na ocasião, os professores que participaram da banca avaliadora foram: Dra. Geovana Mendonça Lunardi Mendes (Presidente e orientadora) da Universidade do Estado de Santa Catarina – Udesc, Dra. Flávia Faissal de Souza da Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ, Dra. Márcia de Souza Lehmkuhl da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe - UNIARP, Dra. Regina Célia Linhares Hostins da Universidade do Vale do Itajaí- UNIVALI,  Dr. Washington Cesar Shoiti Nozu da  Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD e  Dra. Raquel Fröhlich (Suplente) da Udesc. Todos os professores são referência nacional no campo da educação especial e políticas educacionais inclusivas”, relembrou.

Com mérito, ela foi aprovada direto para o doutorado e que, logo iniciou a pesquisa em: Política de Terminalidade Específica para estudantes com deficiência intelectual na Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina: interpretação, tradução e (des)articulações com a perspectiva da educação inclusiva. 

A pesquisa tencionou investigar como a Política de Terminalidade Específica (PTE) para estudantes com deficiência intelectual na Rede Estadual de Ensino do Estado de Santa Catarina (REE/SC) foi formulada, interpretada e traduzida pelos atores envolvidos nos diferentes contextos da política e sua (des)articulação com o direito à educação na perspectiva da educação inclusiva.

Participaram como banca avaliadora os professores: Dra. Geovana Mendonça Lunardi Mendes (Presidente e orientadora) da Universidade do Estado de Santa Catarina – Udesc, Dra. Márcia de Souza Lehmkuhl da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe - Uniarp, Dra. Regina Célia Linhares Hostins da Universidade do Vale do Itajaí- Univali, Dr. Washington Cesar Shoiti Nozu da  Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD, Dr. Vânio Seemann da Prefeitura Municipal de Florianópolis -PMF e Dra. Cléia Demétrio Pereira  (Suplente) da Udesc. Sendo professores referência no campo.

A defesa

A defesa da tese ocorreu no dia 6 de maio, às 14 horas na Udesc de Florianópolis. A banca considerou a tese aprovada e destacou a qualidade, criatividade e originalidade da investigação, além de indicar que a tese seja disseminada com publicações de artigos e em livro. A banca recomendou ainda que a tese concorra no Programa de Pós Graduação em Educação ao Prêmio Tese da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes.

Para ela, finalizar esta fase da vida, é um misto de emoções. “Na realidade estou processando o que foram os últimos anos dedicados à pesquisa. É um misto de emoções, ainda sem acreditar no resultado e avaliação tão generosa e atenta dos professores da banca. Continuo reafirmando e ampliando o meu comprometimento e posicionamento político e ético com a educação pública, laica, universal e com justiça social, problematizando o direito à educação para todos  os estudantes na perspectiva de uma educação inclusiva”.

Conclusão

Agora, após todos esses anos de estudos em busca de qualificação, a pedagoga pensa em dar uma pausa para cuidar da sua família.  Mãe do Joaquim e prestes a dar a luz à Julia, ela diz que mesmo afastada,  mantém seu compromisso de continuar contribuindo com o campo de produção de conhecimento em educação especial e fazer um estágio pós-doutoral. 

Para finalizar, ela deixou um agradecimento especial a todos que contribuíram no incentivo na conclusão do doutorado.

“Gostaria de expressar minha gratidão aos meus pais, Ademar e Elizete; minhas irmãs Adrianny e Danielly por todo apoio, motivação que revigoraram minha força por serem presentes e presenças nos momentos mais desafiadores. Ao meu companheiro de vida, Delson Junior, por todo seu amor, paciência e dedicação a nossa família. Você foi meu maior incentivador. Ao meu amado filho, Joaquim, por sua paciência, amor incondicional e forças, que me fizeram não desistir. A minha filha, que está a caminho, obrigada por ser a motivação que a mamãe precisava para finalizar esta pesquisa”, finalizou ela com um trecho retirado da pesquisa.