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Estados buscam soluções para combater roubo de carga

Número de casos em SC vem caindo nos últimos anos. Evento na Capital vai discutir medidas de proteção ao setor

Segundo dados da Polícia Civil, Santa Catarina registrou 606 ocorrências de roubo de cargas em 2015, contra 423 em 2018. A queda é de 30,1%. No país também houve redução: quase 4 mil casos a menos entre 2017 e 2018. Apesar do recuo, o tema preocupa o setor de transportes. A falta de segurança nas estradas traz risco aos trabalhadores e encarece o seguro e outros custos. A consequência é o aumento do preço do frete.

Santa Catarina é um dos estados mais seguros do país neste quesito, mas muitas empresas catarinenses fazem rotas por São Paulo e Rio de Janeiro, onde o problema é grave. Segundo o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), Ari Rabaiolli, o status catarinense tem duas causas. A primeira é uma lei estadual de 2017 que pune o receptador com mais rigor. A segunda é a criação de uma divisão especializada junto à Polícia Civil. "O roubo de cargas tem sucesso porque tem receptador. O bandido atende a um pedido. Depois [das ações] notamos uma redução significativa", disse, em entrevista à Rede Catarinense de Notícias.   

Devido ao sucesso, o Estado vai sediar o 3º Encontro de Segurança do Transporte Rodoviário de Cargas Sudeste-Sul. O evento acontece na Capital, nos dias 24 e 25 de setembro. 

Rede Catarinense de Notícias - Santa Catarina tem números muito positivos quanto à redução dos roubos de carga. A que o senhor atribui esse resultado e o que poderia ser feito para ter números ainda melhores? 

Ari Rabaiolli - Em 2017, nós da Federação identificamos um Projeto de Lei de 2011 do Joares Ponticelli [ex-deputado e hoje presidente da Fecam] vetado pelo governador [Raimundo] Colombo em 2014. Era um Projeto de Lei que tinha como proposta cancelar a inscrição estadual do receptador de carga. Nós, para evitarmos desgaste político, resolvemos iniciar um projeto novo, que começou em março de 2017 com o na época deputado Patrício Destro e naquele mesmo ano trabalhamos Casa Civil, Secretaria da Fazenda, Cofem, Assembleia Legislativa, e conseguimos aprovar projeto. Depois, teve de novo o veto do governador, mas foi derrubado, em dezembro de 2017 e aí entrou essa lei que caça a inscrição estadual do receptador. Em janeiro de 2018, nós criamos a Divisão Especializada em Roubo de Cargas junto à Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Civil. Isso também ajudou a inibir bastante o roubo de cargas. O roubo de cargas tem sucesso porque tem um receptador. O bandido sempre atende a um pedido de alguém que precisa de determinada carga. 

RCN - O setor percebeu uma diminuição de casos a partir dessas duas ações?

Rabaiolli - No primeiro trimestre de 2018 em relação ao primeiro trimestre de 2017, nós tivemos uma redução de 56%. Identificamos depois que a Divisão Especializada não tinha uma viatura para fazer as investigações e nós doamos uma viatura 0 km. E agora neste 3º Encontro do dia 24 e 25 nós vamos doar a segunda viatura. Também, em determinado momento, a delegada regional de Joinville tinha uma investigação de roubo de carga no Porto Itapoá e nós alugamos na época uma viatura sem identificação por dois meses para facilitar a investigação, também compramos dois celulares para os agentes e disponibilizamos um posto de combustível para abastecer a viatura. Conseguiram desvendar a quadrilha e recuperaram R$ 1,1 milhão em carga. Então esse 3º Encontro foi escolhido [para ser em Santa Catarina] por causa dos resultados que nós conseguimos alcançar.

RCN - Existe um impacto muito grande da segurança na intenção de investir. Como o senhor vê a queda dos números de roubos pelo aspecto econômico?

Rabaiolli - Toda empresa a analisar uma região para se instalar vai analisar esse problema porque os prejuízos causados pelo roubo de cargas são assustadores. Acreditamos que, além dos eventuais benefícios fiscais que as empresas olham, devem olhar muito para esses índices de roubos de cargas que trazem um prejuízo muito grande para a sociedade. Por mais que se fale que as empresas têm seguro da carga, a gente sabe que todo sinistro tem o agravamento da apólice. É igual ao bônus de um seguro de carro. Se você usar o seguro, você perde bônus. Além disso, 20% dos veículos roubados não retornam para os proprietários: vão para desmanche. E como a grande maioria, 99% talvez, não tem seguro do caminhão, do casco, porque é um seguro bastante caro, acaba o prejuízo sendo muito maior, além da carga roubada, do agravamento de apólice e do trauma que os nossos profissionais acabam tendo.

RCN - O valor de seguro é mais barato em Santa Catarina por causa da melhor situação de segurança?

Rabaiolli - Com certeza o percentual do seguro é menor. E as próprias companhias não tem tanta exigência como em uma região de risco. Então, ganham não só as empresas de Santa Catarina, como aquelas que passam por aqui. Elas podem eventualmente parar em todas as regiões do Estado porque não são consideradas regiões de risco. São Paulo, Rio de Janeiro, e até 200 km do eixo urbano são consideradas pelas seguradoras como áreas de risco. Tem pontos que você nem pode parar para o motorista descansar, fazer intervalo de jornada, porque as seguradoras não permitem. É contrato de serviço que determina onde é que você pode parar. Agora, vai muito também da localização das empresas de Santa Catarina para onde nós vamos transportar. Não adianta estar em Santa Catarina e transportar para o Rio de Janeiro porque aí eu passo a ser um problema. Se eu transportar somente para Santa Catarina, tenho uma condição melhor.

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