
Coluna do dia 27/02/2025
Na última sessão, a clínica de hidroterapia voltou ao centro das discussões, com o secretário de saúde sendo chamado à Câmara de Vereadores para prestar esclarecimentos sobre sua inauguração. Esse debate é fundamental, porque envolve dinheiro público e é uma decisão que impacta diretamente todos nós.
O leitor certamente lembra da construção da clínica e de como esse assunto esteve presente no último debate eleitoral. Mas e agora? O que fazer com essa estrutura? Como garantir que o investimento feito traga benefícios reais?
Para contribuir com essa reflexão, algumas perguntas poderiam ser feitas na próxima sessão da câmara:
São perguntas importantes, porque, na administração pública, o planejamento deve vir antes da execução. Se o município não tiver um plano claro para essa clínica, corremos o risco de transformar esse investimento num elefantinho, sem cumprir sua função.
E já que o assunto é hidroterapia, esse é um bom momento para lembrar do efeito do custo afundado. Em economia e administração, esse conceito explica como tendemos a insistir em algo apenas porque já investimos tempo ou dinheiro nele — mesmo que essa escolha continue gerando prejuízo. Um exemplo clássico é o apostador que continua jogando para tentar recuperar o que perdeu. Mas em gestão pública, a decisão deve ser racional: o que é melhor para a população?
O psicólogo e economista Daniel Kahneman, Prêmio Nobel de Economia de 2002, descreveu em seu livro Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar como nosso cérebro muitas vezes decide de forma intuitiva e emocional, sem considerar os dados de maneira fria e lógica. Talvez seja esse o desafio agora: em vez de reagir com indignação imediata, podemos refletir sobre a melhor forma de utilizar esse recurso.
Se houver demanda e orçamento, a clínica deve ser inaugurada e funcionar plenamente. Se não houver, é necessário buscar soluções antes que o custo se multiplique. O importante é lembrar que esse dinheiro veio dos nossos impostos — e cada centavo mal utilizado significa menos recursos para outras áreas essenciais.
Agora, cabe aos vereadores, ao secretário de saúde e ao prefeito decidirem qual caminho seguir. Mas essa decisão precisa ser feita com responsabilidade, planejamento e, principalmente, transparência.
E você leitor, o que pensa? Essa clínica é um investimento necessário ou um risco de desperdício?
Existe um estudo que justifique a necessidade dessa clínica em Otacílio Costa? Qual o perfil e a quantidade de pacientes que utilizarão esse serviço?
Com uma clínica já em funcionamento na Palmeira, qual seria a alternativa mais eficiente financeiramente: manter uma estrutura própria ou oferecer transporte aos pacientes?
A clínica da Palmeira teria capacidade para atender também os moradores de Otacílio?
O município tem condições orçamentárias de manter essa unidade funcionando? Já há recursos previstos para a equipe necessária, os insumos e os custos fixos, como energia elétrica?
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