logo RCN
Imagem principal

Corria o ano de 1976, quando as eleições para prefeito aconteciam. Os eleitores do então distrito de Otacílio Costa votavam para escolher o prefeito de Lages. Eram candidatos Paulo Alberto Duarte, pela Arena – Aliança Renovadora Nacional, contra Dirceu Carneiro, do MDB – Movimento Democrático Brasileiro.

Foi então que alguém teve a ‘brilhante’ ideia de associar o sobrenome Carneiro a pelego. Então, quem torcia por Duarte, passou a chamar os simpatizantes de Carneiro de pelegos.  Provocação feita, os do outro lado político tiveram a ‘brilhante’ ideia de chamar os adversários de baixeiros.  A partir daí virou a pelegada contra a baixeirada em toda a região de Lages.

Aqui no Sul do Brasil, na montaria de cavalos, usa-se os pelegos de ovelha e, embaixo dele, uma manta de lã, o baixeiro. Aí a imaginação e as piadas ficavam a critério dos oponentes, cada um na rua razão.            

Adversários políticos não necessariamente precisavam ser inimigos. Provocações à parte, era um tempo em que rivais políticos e eleitores tinham rusgas que eram deixadas de lado depois das eleições. Fora os ânimos mais extremados, a maioria das famílias e das amizades continuavam suas vidas sem mais provocações até as próximas...

Não era comum ter político de estimação, ou ter por ele adoração, como se fosse um deus.  E se faltasse honestidade e compromisso no mandato, ele não mais se elegeria, nem teria coragem de se candidatar novamente.

E se continuamos pelegos e baixeiros, continuamos a votar. O voto se tornou precioso num mundo em que alguns eleitos extrapolaram seus mandatos, implantando ditaduras, a exemplo da Venezuela. E se continuamos votando, é porque nosso sistema social, político, jurídico e constitucional nos garantem viver numa democracia.

Há quem torça o nariz para o termo democracia, mas comprovado pela história, se não é um sistema perfeito, as outras alternativas se mostraram muito mais imperfeitas, com graves consequências às populações envolvidas.

Democracia é um regime político em que os cidadãos no aspecto dos direitos políticos participam igualmente – diretamente ou através de representantes eleitos – na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação, através do sufrágio universal.

O sufrágio universal é o direito de votar e ser votado. Durante as campanhas eleitorais chovem denúncias de compra de voto, o que se associa com abuso de poder econômico e má-fé. Mas o que se compra, ou quem é comprado? Na corrupção há duas pontas: o corruptor e o corrompido.

Há relatos de candidatos que ao chegar nos bairros para campanha são rodeados por moradores que exigem dinheiro, cestas básicas ou qualquer outro suborno para votar. Quem vende o voto fará isso com candidatos variados. Ao vender seu voto, o eleitor está vendendo seu direito, vendendo a si mesmo, num gesto miserável do ponto de vista humano.

Dessa maneira corrompe-se o eleitor, o candidato que aceita a provocação, a democracia como um todo. O que vale um eleito à custa da compra de votos? O que vale um eleitor à custa da venda da sua pretensa honestidade, do seu nome?

Só teremos eleições limpas se quem vota e quem é votado for digno de participar honestamente das eleições. As eleições só serão livres se não houver compra e venda de pessoas. Na maioria das campanhas eleitorais há presença maciça de quem tem favores ou cargos e quer permanecer neles e, de outro lado, quem quer vir a ter estes favores ou cargos.

Onde estariam os eleitores que buscam votar em favor de políticas públicas que visem atender às comunidades, ao município? Somente se eles forem a maioria é que teremos eleitos que se sintam na obrigação de cumprir seus planos de governo ou legislatura – já que no papel estes planos são quase perfeitos. 

E até que ponto os candidatos e depois os eleitos dão ouvidos ao eleitor que visa às causas públicas?  Não é de admirar, mas sim de preocupar a ausência do votos contados na abstenção e a presença deles no voto em branco.  Sinal da desesperança de quem não acredita mais, por não ser escutado.

Todo eleitor deve honrar seu voto, assim como o eleito deve honrar seu mandato para que o sistema ou regime democrático funcione. Se o eleitor não dignificar seu voto, se o candidato não fizer por merecê-lo e se cada eleito não cumprir com seriedade seu mandato, continuaremos à mercê do toma-lá-dá-cá que não cria compromisso entre eleitores e eleitos; não cria vínculos entre os direitos de uns e os deveres dos outros; não se cria nada de positivo da política para a sociedade.

Eleições livres não pedem nem oferecem suborno. A governança íntegra não usa expedientes. A democracia não aceita atalhos.

“A diferença entre um estadista e um demagogo é que este decide pensando nas próximas eleições, enquanto aquele decide pensando nas próximas gerações.”  Winston Churchill


Sindicato Rural realiza curso na Fazenda Búfalo Anterior

Sindicato Rural realiza curso na Fazenda Búfalo

Estratégias de Sun Tzu nas Eleições Próximo

Estratégias de Sun Tzu nas Eleições

Deixe seu comentário