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A imensidão do céu azul é uma daquelas visões que traz uma nostalgia, uma paz interior... Lembrei de quando tinha uns 7-8 anos e construí uma pipa maior do que eu. Fomos lá no pasto do Seu Bépe (avô do meu compadre Luciano) e, com mais algumas linhas emprestadas, soltei aquela obra-prima da engenharia aeroespacial, que voou a 800 metros de distância. Façanha jamais vista e que me rendeu uma inesquecível alegria e um senso de que poderia fazer qualquer coisa. O próximo projeto foi um carro de rolimã, para o qual esqueci alguns materiais. Por último faltou aquele sarrafo que dá direção ao veículo. Como eu podia fazer qualquer coisa, roubei-o da antiga serraria do Kaiser. Meu amado pai, formado em psicologia com especialização em desenvolvimento cognitivo, utilizou o bendito sarrafo para me dar uma lição de vida que jamais esqueceria. Só depois devolvemos o sarrafo.

          Enfim, essa semana era para ser um texto fofinho, com memórias infantis, daqueles que a gente compartilha com as crianças e tal.  Mas além de me faltar talento para incluir os detalhes dos cheiros, gostos e sensações que deixariam tais histórias interessantes, alguns vereadores protagonizaram um show de comentários na última sessão que, sinceramente, impedem a continuação do texto amanteigado.

           A discussão na câmara foi sobre fiscalizar e multar motos barulhentas e que transitam em altas velocidades. Falaram que está perigoso e atrapalhando o sossego público e que as calçadas estão quebradas e esburacadas. Por fim, resolveram pedir ao comando da PM que vá na sessão da câmara para um debate, no intuito de auxiliar a criação de uma lei que melhore nosso comportamento social.

·       Quem lembra da sessão após o desfile de 7/9 passado? Quando diversas motos que estavam achincalhando o desfile foram removidas? “Nossa, não precisava tanto”, disseram alguns.

·        E quando a PM recolheu as bicicletas motorizadas por não terem os mínimos itens obrigatórios?

·        E quando a PM multou diversos veículos que estavam estacionados sobre a calçada? E quem não vê em qualquer bairro da nossa cidade veículos abandonados há meses sobre os passeios? Caminhões e carros parados como se a frente da casa fosse uma extensão dela. Se isso não é contrassenso...

Particularmente fiquei feliz em saber que os nobres vereadores perceberam problemas tão sutis. Outro que percebeu foi o Ministério dos Transportes e por isso disponibilizou um guia de municipalização, integrando todos os municípios ao sistema nacional de trânsito. Tal guia, “trata de roteiro indicativo para facilitar a compreensão dos municípios sobre suas obrigações”. Fiscalizar emissão de poluentes e ruído é responsabilidade do município, assim como estacionamento, circulação, áreas pagas e tal. Sugiro a leitura, antes da sessão, com o comando da PM.

Na minha opinião, a PM conhece realmente muito mais sobre o trânsito e pode indicar e debater acerca de leis a serem criadas, contudo, sua função é realizar o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública: A PM não faz as leis, ela se esforça para cumpri-las. E seguindo nessa linha, quais leis de trânsito, você leitor, acredita que estejam faltando? Do que eu me lembro da minha última renovação da carteira:

·        Para motos fabricadas depois de 1998, o limite de ruído é de 80db, multa até 5mil. Arrecadação e controle pela prefeitura. Estacionar sobre a calçada? R$ 88,38. Perturbar o sossego alheio – perturbar alguém, o trabalho ou o sossego alheio – pode dar prisão simples de 15 dias a três meses ou multa. Pronto. Vereadores, essas leis já existem: espero ter ajudado.

Contudo, se procurarem mais um pouquinho, vão encontrar também para limites de peso, veículos adulterados e/ou com itens faltando. Há leis que proíbem buzinar em frente a hospitais, manobras arriscadas, enfim, lei é coisa que não falta nesse país. Há também uma lei que obriga o uso de uniformes estudantis padronizados nas escolas públicas de todo o país (na sessão, foi comentado, também, de que deveria haver mais cautela quanto à cobrança do uniforme escolar). Aliás, se todas as leis fossem cumpridas à risca, arrisco dizer que o país veria seu real problema.

Nobres vereadores, para quem é martelo, tudo parece um prego. A PM não tem leis que devem ser cumpridas e leis que não devem. É lógico que a PM tem suas restrições de estrutura, verba e pessoal, mas também é lógico que ela não quer fazer um arrastão nas motos, carros e caminhões, bem como atribuir-lhes as multas cabíveis e depois ficar ouvindo as reclamações de quem as pediu. Agora, o que não dá mesmo, é a câmara passar a responsabilidade do trânsito para a PM e depois das multas e apreensões, ir solicitar um abrandamento por parte da PM, ficando assim “de bem.” 


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