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No final do século XIX 14 milhões de italianos emigraram de seu país, fugindo da fome. O Brasil da recém abolição da escravatura (1888), incentivou a entrada de estrangeiros para trabalhar na lavouras. Filho de imigrantes italianos, nasceu Valentino Tramontina, na Bento Gonçalves (RS) de 1893.

Ainda adolescente, o chamado Valentim aprendeu o trabalho de funilaria com ofício de ferraduras para cavalos, muito usados na época para transporte e na lida do campo. Na colônia de Carlos Barbosa (RS) um primo de Valentim, ferreiro, convidou-o para trabalharem em sociedade numa pequena e bem aparelhada oficina. Valentim comprou a oficina e as ferramentas, fechando seu primeiro negócio aos 17 anos. Em 1911 abriu a Ferraria Tramontina em um rancho de madeira.

Naquele ano inaugurou-se uma linha de trem entre Porto Alegre e Caxias do Sul, sendo construída uma estação em Carlos Barbosa. Os produtos das colônias iam pra lá e depois transportadas para centros maiores. Com o irmão Luís e um funcionário, Valentim fazia consertos para outras indústrias, além de fabricar ferraduras.

Em 1920 Valentim casou-se com Elisa de Cecco, que acompanhava o trabalho do marido na oficina. Vieram os filhos Henrique, em 1921; Nilo, em 1923 e Ivo, em 1925.

A empresa enfrentava sua primeira crise quando Valentino disse: “Vai vir o dia que a funilaria vai ser a mais grande do Rio Grande.” Olhando para um alto e solitário pinheiro, Elisa disse: “Nossa fábrica vai crescer além da árvore.”, como registrou em seu diário.

Com a tradição de artesã dos antepassados de Elisa, passaram a produzir canivetes, produto que seria o carro-chefe da empresa. Era um trabalho artesanal e rudimentar, com uso de martelo e esmeril movido a pedal, enquanto Elisa ajudava no acabamento dos cabos, feitos de chifre de boi.

Valentim viajava para vender os canivetes. Em 1930 houve um incêndio numa cutelaria em Porto Alegre e Valentim ofereceu sua oficina para recuperar os produtos danificados. Neste trabalho ele conheceu novos tipos de facas e passou a produzi-las.

Tudo ia bem até que o filho Henrique morreu doente, aos 9 anos. Valentim adoece de desgosto e não se recupera mais, morrendo aos 46 anos. Em 1940 morre Nilo, aos 17 anos, de uma paralisia progressiva. Elisa tornou-se chefe de família numa condição de dor e tristeza, junto com Ivo, o caçula de 14 anos.

Elisa assumiu a ferraria para não voltar aos tempos de pobreza dos antepassados. Além de trabalhar desde cedo até o anoitecer, ela repartiu os ganhos da ferraria com os 13 funcionários. Produção aumentada e Elisa partia com uma mala recheada de facas e canivetes que ela venderia em Porto Alegre, batendo de porta em porta.

Elisa e o filho Ivo associaram-se a Ruy Scomazzon para dar um caráter administrativo oficial à empresa. Em 1954 a ferraria fez seu 1º contrato social com  o nome de Tramontina Cutelarias. A partir daí inauguraram nova fábrica, a Forjasul, na Porto Alegre de 1959. A terceira fábrica – uma indústria de ferramentas, abriu em 1960 em Garibaldi (RS). Elisa falece em 1961 e a empresa fica nas mãos dos sócios Ivo, 36 anos, e Ruy, 33

Em 1971 começou a produção de talheres de aço inoxidável na nova fábrica em Farroupilha (RS). Graduado em Administração de Empresas na PUCRS, Clóvis Tramontina – filho de Ivo; volta a Carlos Barbosa e na empresa se destaca na parte comercial, tornando-se gerente nacional em 1973.

Em 1976 a empresa fundou uma fábrica de materiais elétricos em Carlos Barbosa. Nesta cidade inaugurou uma fábrica de equipamentos agrícolas e jardinagem, em 1982. Em 1990 inaugurou uma unidade de madeiras em Encruzilhada do Sul (RS).

Em 1983 foi ao ar o primeiro comercial da empresa pela TV, o que alavancou as vendas. Em 1986 inaugurou a unidade TEEC, para a produção de pias e cubas em aço inox, em Carlos Barbosa. Em 1986 nova fábrica para o fabrico de utensílios de madeira, como tábuas de cortar carne e móveis para jardins.

A Tramontina abre escritório nos EUA, levando seu produtos ao maior mercado consumidor do mundo. No comando da empresa, nova geração: Clóvis Tramontina e Eduardo Scomazzon, que no ano 2000 criam a seção de marketing.

Hoje, a Tramontina tem 70% de participação do mercado nacional no setor de utilidades domésticas - 9 unidades industriais: 7 no Rio Grande do Sul, 1 em Belém (PA) e outra no Recife (PE). Ainda tem 22 lojas próprias com amostra de produtos – 10 no exterior.

Em 2022 a empresa teve receita de 10,6 bilhões de reais e a marca é reconhecida mundialmente pela qualidade de seus produtos. Clóvis aposentou-se em 2021. No comando ficam Eduardo Scomazzon e o vice Marcos Tramontina, filho de Clóvis.

A Tramontina continua sendo uma empresa familiar e anualmente fabrica 500 milhões de talheres, 90 milhões de panelas e 50 milhões de ferramentas. É líder de venda de panelas nos EUA e, na Alemanha – berço da cutelaria – as facas Tramontina estão entre as mais vendidas no país.

As 9 fábricas do grupo produzem 22 mil itens, como talheres, cafeteiras, furadeiras, louças, tomadas, muletas, bengalas, lixeiras, ferramentas para agricultura, jardinagem, manutenção industrial e automotiva, construção civil, materiais elétricos, móveis de madeira e de plástico, veículos utilitários, jogos de porcelana...

Esta é uma história de vitória que superou muitos obstáculos. Em cada adversidade nascia uma ideia, um motivo para continuar um trabalho que não buscava menos que a perfeição. Na própria dificuldade, fabricou-se o canivete, na dificuldade alheia – incêndio – criou-se outra oportunidade de trabalho.

A criação da ferrovia numa cidade do interior - que impulsionou o desenvolvimento de uma região e do estado do RS - comprova que a presença do estado em obras públicas pavimenta o caminho do sucesso para milhares de pessoas. A união de esforços pessoais, familiares e de política pública transformou uma pequena oficina num gigante industrial de mais de 12 mil funcionários.

No coração de tudo, o casal Valentino e Elisa, o filho Ivo. Honraram seus antepassados, criaram um mundo de beleza e oportunidades para seus descendentes, para sua terra, para a o seu país. Deixaram sua marca no mundo.

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