A partir da última semana o Correio Otaciliense está produzindo uma série de reportagens especiais sobre a SC 114, com mapeamento das zonas mais difíceis de trafegar e onde mais ocorreram acidentes nos últimos anos, com objetivo de alertar a toda comunidade que por ali trafega, para os riscos e chamando a atenção de todos para que se tomem maiores cuidados na hora de evitar acidentes.
Os repórteres Robson Ribeiro e Rubiane Lima percorreram toda a extensão da rodovia para analisar suas condições de tráfego e as possíveis causas de tantos acidentes.
“Realmente a pista não oferece condições para que a gente ande em alta velocidade, pois praticamente ao longo de toda ela encontramos inúmeros buracos, talvez a impaciência ou desatenção sejam os problemas das fatalidades ocorridas”, explica Robson, que foi dirigindo todo o trajeto.
Durante o percurso, Rubiane contou o total de 8 pontos onde haviam cruzes ou capelas montadas por familiares e amigos de vítimas fatais em acidentes. “Na mesma reta podemos encontrar duas cruzes, no trecho que fica próximo ao trevo de acesso a BR 470, ainda com flores, uma cena triste que prova o perigo que encontramos diariamente pela estrada”, diz a repórter.
O que diz a Polícia Rodoviária
Responsáveis pela segurança da via, a Polícia Rodoviária instalada em Palmeira explica que faz de tudo para coibir atos que possam significar algum perigo, mas que mesmo assim, não estão conseguindo evitar a quantidade de acidentes, que em proporção ao tanto de veículos que passam todos os dias pelo local, não representam números tão alarmantes.
O Sargento Eduardo Rambusch informa que falta segurança devido a forma como a pista se encontra. “Já começaram obras em um trecho da SC, mas temos dificuldades em todo o trajeto que leva até o trevo dos Índios, com muitos buracos”, explica.
Além disso, ele informa que a pista não oferece grandes problemas devido ao traçado dela. “A maior causa ainda é a imperícia e a imprudência, pois os trechos de aclive e declive são pequenos e as curvas são extensas, não oferecendo grandes riscos, devido a questão geográfica ser favorável”, cita.
Rambusch lembra que a fiscalização é rigorosa. “Temos apenas um radar móvel, mas estamos sempre nos pontos mais críticos, há quem critique nossa ação, mas é uma forma de coibir a alta velocidade e mesmo assim ocorrem problemas, imagine se não fizéssemos este trabalho”, alerta. Para ele, a polícia age da melhor forma possível, com orientação aos motoristas sempre que possível.
“Nossa prioridade é dar segurança aos usuários da via, agora no inverno há uma dificuldade grande com relação a neblina que é frequente, precisando de mais atenção de todos”, conclui o comandante, que informa contar o posto hoje, com o total de 17 policiais.
“A morte do meu filho e dos amigos dele foi uma das mais tristes de Otacílio Costa”
Um dos acidentes mais lembrados, ocorrido na SC completou 6 anos no dia 10 de fevereiro, quando cinco jovens perderam suas vidas no trevo próximo a prefeitura municipal.
“Até hoje eu não sei como tudo aconteceu, não consigo entender e não procurei investigar também, mas foi, sem dúvidas, um dos acidentes mais tristes acontecidos em Otacílio Costa”, conta Ilson Cristóvão Ferreira, popular Tio Pisca, pai de Lucas Ferreira, que dirigia o veículo na hora do acontecido.
O pai alerta que para evitar que o mesmo que aconteceu com sua família não aconteça com outras, os pais devem sempre saber onde seus filhos estão e com quem estão.
“Não estou dizendo que meu filho andava com más companhias e nem que sempre dizia onde estava, ele também aprontava, mas a confiança nos filhos é muito importante, ele sempre dirigia no sítio e era representante do Banco BV, viajava para São Joaquim, Bom Retiro, a gente tinha confiança nele”, conta.
Tio Pisca lembra que dias antes do acidente ele vendeu sua caminhonete, ficando apenas com um Fiat Uno e que na noite do acontecido, ele e sua esposa queriam o carro para sair comer uma pizza, mas como o filho havia saído com seus amigos, preferiram deixar o carro com ele e comer a pizza no dia seguinte.
“Ele saiu na sexta-feira e a gente deixou para sair no sábado, na mesma noite a gente se falou duas vezes por causa do carro, até que decidimos deixar com ele e usar no outro dia”, diz.
Ele acredita que para dar mais segurança na rodovia, seria necessário ter alguns trechos duplicados, pois o tráfego é muito grande.
“Não digo que em toda a SC, mas em alguns trechos deveria ter duplicação, como no perímetro urbano que foi feito e já ajuda bastante no andamento dos veículos”, conclui dizendo que Lucas tinha apenas 18 anos e era um jovem muito ativo, tanto que na noite do acidente, ele ligou para Lucas ir cedo para casa, pois no outro dia eles iriam trabalhar com as abelhas que tinham em seu sítio.
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