Com o  tema “Educação para o trânsito, conscientização para vida”, Christiane Souza Yared, mãe, empresária, pastora e presidente do Instituto Paz no Trânsito (IPTRAN), de Curitiba,   ministrou palestra na noite desta segunda-feira (23/09), no auditório da Uniplac.

Ela perdeu um filho vítima de um brutal acidente automobilístico. Um grande público de estudantes prestigiou o evento,  que faz parte da programação da ação  “Não Morra no Trânsito”, uma iniciativa da CDL Jovem, Prefeitura de Lages e diversas outras instituições parceiras. Pouco antes da palestra começar, no estacionamento da Universidade, o Corpo de Bombeiros Militar fez uma simulação de resgate.

Os socorristas tiveram de tirar uma pessoa presa nas ferragens de um veículo sinistrado. Eles usaram todos os equipamentos necessários para abrir o carro e retirar a vítima.

“Era madrugada do dia 07 de maio de 2009. Gilmar Rafael Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, 20, voltavam de um shopping e seguiam em um Honda Fit branco. No outro veículo, Fernando Ribas Carli Filho, 26, na época deputado estadual, havia saído de um restaurante e estava alcoolizado.

Carli Filho estava no Passat SW preto e dirigia com a carteira de habilitação suspensa. Com 24 multas por excesso de velocidade, cinco delas na rua do crime que tem velocidade máxima permitida de 60 km por hora.

O Honda Fit branco freou e entrou devagar na rua quando o Passat preto do deputado que, devido à velocidade e o desnível da rua, decolou. Voando, colidiu com o primeiro carro e veio a capotar. Ao passar sobre o carro branco, decapitou seus dois ocupantes (Carlos e Gilmar).

O responsável pela morte dos dois amigos  ainda está solto pelas ruas de Curitiba, bebendo e dirigindo”, Christiane iniciou a palestra relatando como foi o acidente e como ela recebeu a notícia.

Mostrou fotos de como o carro em que o filho estava ficou: “completamente destruído” e contou quais os propósitos que a fizeram levantar a cabeça e seguir adiante.

“Impactante”. Este foi o termo que a mãe usou para descrever a apresentação. “Quis trazer para o público uma palestra que choque, para haver mudança de comportamento, recolocação, educação e conscientização da sociedade. Todos têm de  perceber que nós temos duas opções e apenas uma escolha”, declara.

Criação do IPTRAN

A resposta ao bárbaro crime foi mais rápida e intensa do que o automóvel do ex-deputado. O episódio deu início ao movimento “190 km/h é crime”, que ganhou repercussão nacional, com a distribuição voluntária de 500 mil adesivos e o registro de 19 milhões de pesquisas em sites de busca.

Christiane Yared, por sua demonstração de força e luta por justiça, passou a ser procurada por outras mães que viveram experiências semelhantes, na busca de consolo e orientação.

Em 18 de junho de 2010, pouco mais de um ano após a tragédia familiar, foi oficializada a criação do IPTRAN (Instituto Paz no Trânsito), uma instituição sem fins lucrativos, não-governamental e sem vínculos partidários.

Hoje, o Instituto auxilia na reestruturação psicológica de familiares e vítimas não fatais de acidentes de trânsito. No entanto, o trabalho vai além, já que a função social do IPTRAN é contribuir ativamente para a redução do número de vítimas de acidentes de trânsito mediante a promoção e o incentivo de práticas sustentáveis de mobilidade urbana.

A essência da instituição é desenvolver projetos que promovam conscientização e responsabilidade em motoristas e outros atores envolvidos no trânsito, a partir de ações educativas que instiguem o comprometimento com a vida, o maior valor defendido pela instituição.