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Dentre as complicações que podem acontecer caso o paciente não se cuide estão a perda da visão, insuficiência renal, amputação de membros inferiores, infarto e derrame.
O envelhecimento da população, hábitos alimentares e falta de prática de atividade física são fatores que influenciam diretamente no crescimento de um mal silencioso que, atualmente, já atinge mais de 3% dos otacilienses: o diabetes.
De acordo com dados coletados nas Unidades Básicas de Saúde, Otacílio Costa possui, atualmente, 592 pessoas com a doença, dos quais 71 são insulinos dependentes. Levando em conta a última estimativa do IBGE, segundo a qual a cidade possui 18.313 habitantes, a doença já atinge 3,23% da população. No entanto este índice pode ser ainda mais elevado, pois outras pessoas podem ter desenvolvido a doença e não terem identificado o problema.
No Brasil o número de pessoas com o diabetes também tem crescido, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Uma pesquisa, apresentada em 2016, apontou que 8,9% da população sofre da doença. As mulheres são as mais afetadas, com índice de 9,9. Já entre os homens, a porcentagem cai para 7,8%.
A enfermeira da UBS Novo Mundo, Patricia Rengel, falou de alguns sinais que a pessoa deve observar em seu dia-a-dia e procurar uma Unidade para fazer o Teste de Glicemia Capilar (HGT), caso possua algum deles. Nos casos de hiperglicemia (Nível muito alto de glicose no sangue), os sintomas são muita sede, vontade de urinar a todo momento e fome constante. Já com a hipoglicemia (Caracterizada por um nível anormalmente baixo de glicose no sangue), podem acontecer suores e calafrios, visão embaçada, tontura ou vertigem, sono excessivo, dentre outros. Quando o paciente, depois do teste HGT, apresenta um dos casos, é encaminhado para a uma consulta com o médico.
"O teste é bem simples e deve ser feito em jejum. Fazemos um pequeno furo na ponta do dedo e colhemos uma gota de sangue em uma tira reagente com o uso de um monitor (equipamento que realiza leitura da glicemia capilar). Assim é possível saber, no momento, o valor da taxa de açúcar no sangue, o que possibilita a detecção de uma hipoglicemia ou de uma hiperglicemia.", declarou.
Os diabéticos cadastrados recebem insulina, remédios, agulhas e fitas para o teste de glicemia e, de acordo com a Secretaria de Saúde, para receber os itens é necessário ter a prescrição médica.
Perdi vários membros da minha família para esta doença, diz Hortência.
A senhora Hortência Telles Valim de 69 anos, moradora do Bairro Pinheiros, é uma otaciliense que sofre com a diabete há dez anos. Ela possuiu o mesmo mal que vários membros de sua família. Segunda Hortência, alguns de seus irmãos morreram por causa da doença. "Minha família tem histórico de diabetes. Quando meus irmãos morreram já estavam cegos", declarou.
Ela relatou emocionada que vem de uma família grande. Eram seis irmãos, mas três já faleceram. Durante a entrevista em vários momentos derramou lágrimas ao lembrar dos entes queridos. "Eu não perdi apenas meus irmãos. Também perdi dois netos em um acidente de carro e acho que este fato agravou minha diabetes", desabafou.
A dona de casa é casada com o senhor Enoar Prestes Valim de 78 anos. Ele descobriu havia um ano que também está com a doença. Na casa dos idosos podem ser encontrados, além dos remédios, produtos naturais e próprios para a alimentação de quem precisa controlar a glicose. "Eu vou ao mercado e busco os produtos que sei que fazem bem para nossa saúde. O comércio local atende perfeitamente pessoas com o tipo de doença que temos", afirmou Hortência.
O médico com quem se consulta periodicamente recomendou exercício físico e uma dieta balanceada, mas um problema na coluna a tem impedido de praticar a atividade. Hoje ela se trata com remédios, insulina e dieta.
O comércio e as necessidades alimentares dos otacilienses diabéticos
Para os fins de nossa reportagem fomos em vários mercados e mercearias do município. O que pudemos constatar é que na questão dos produtos alimentícios os estabelecimentos possuem sessões inteiras e itens que são próprios para a alimentação de pessoas com diabetes.
Em um dos estabelecimentos, uma loja de Produtos Naturais, conversamos com a vendedora Isabela Muniz de 20 anos, moradora do bairro Poço Rico. Ela, que já perdeu uma avó aos 60 anos de idade por causa da enfermidade, relatou que grande parte da clientela são pessoas portadoras do diabetes. Segundo Isabela, os diabéticos que procuram à loja vão desde crianças até pessoas da terceira idade. "Temos clientes que começaram a comprar conosco porque a doença apareceu em um filho ainda quando criança. Hoje este filho já se encontra na pré-adolescência com 11 anos. Eles estão cuidando da saúde para a doença não se agravar", ressaltou.
Outra constatação de nossa pesquisa pelos estabelecimentos é que os produtos, em geral, possuem preços elevadíssimos, não cabendo no bolso de pessoas que não disfrutam de uma boa situação financeira.
O otaciliense Sebastião Tadeu Chaves, conhecido como Tadeu, tem a doença há cerca de 10 anos. Ele, que desenvolveu o diabetes por causa de complicações que atingiram o pâncreas, toma remédios duas vezes ao dia, não faz uso de insulina e busca ter uma alimentação saudável. "Já cortei 50% do carboidrato e diminui a quantidade de carne vermelha em minhas refeições", declarou.
Ele se diz satisfeito com o que o comércio otaciliense oferece para os diabéticos. Cuidando da parte alimentar já cortou o consumo de pão e tem retirado aos poucos o do arroz comum de suas refeições. Já na parte física, está sempre em atividade cuidando do sítio da família. Mas deixa claro que não é praticante de exercícios físicos regulares.
Obesidade é um dos principais fatores de risco, aponta especialista
Ainda segundo os dados da pesquisa do Ministério da Saúde, 18,9% da população brasileira é considerada obesa, e mais da metade da população está com peso acima do recomendado.
A endocrinologista Aline Fornari, que atua há três anos na área, explica que a obesidade é um dos principais fatores de risco para o aparecimento do diabetes. Cerca de 80% dos pacientes com DM2 são obesos. O excesso de gordura corporal prejudica o funcionamento da insulina, levando, portanto, ao aumento do risco de diabetes. Sendo assim, a prática de uma atividade física regular é essencial para o tratamento.
Pensando neste público uma academia de ginástica de Otacílio Costa preparou exercícios físicos próprios para pessoas diabéticas. A Educadora Física Gisele Andreatta destaca que os treinos são específicos para grupos especiais, como diabéticos e obesos, entre outros problemas de saúde. "Ainda na faculdade de Educação Física, iniciamos os estudos com o objetivo de nos capacitarmos para atender esses públicos. Após finalizar a graduação, tivemos a oportunidade de continuar estudando sobre a prescrição de exercícios para diferentes populações de Grupos Especiais, e executar nos nossos clientes", declarou.
Ela relata que a academia possui 4 clientes diabéticos que antes de iniciarem uma sessão de treino precisam fazer uma anamnese (uma entrevista realizada pelo profissional) para buscar fatores que possam interferir diretamente no planejamento do treino diário. "Acreditamos que os cuidados com os diabéticos devem ser multidisciplinares, sempre ter conhecimento do médico a prescrição de medicamento e a questão nutricional junto ao nutricionista como está sendo a dieta do cliente".
A endocrinologista fala de alguns mitos sobre o diabetes. Atenção, não acredite nos itens abaixo, pois não são verdade.
1. Paciente magro não tem diabetes.
2. Criança não tem diabetes.
3. Chá de insulina cura o diabetes.
4. Diabético pode consumir mel, açúcar mascavo e caldo de cana sem problemas.
5. A aplicação de insulina causa dependência.
6. O diabetes pula uma geração da família. Isto é um mito, pode acontecer de somente uma pessoa ter diabetes na família, e também pode acontecer de todas as gerações serem afetadas, por exemplo, avó, mãe e filhos.
Saiba mais através de nossa entrevista com a endocrinologista.
CO: Como se desenvolve a doença?
O diabetes aparece quando a liberação de insulina pelo pâncreas está deficiente, ou quando há resistência à ação da insulina, ou seja, quando o corpo produz insulina, mas ela não consegue fazer o seu papel.
CO: Qual ou quais os tratamentos?
Em todos os tipos de diabetes, uma alimentação adequada e atividade física regular são partes fundamentais do tratamento. Nos pacientes com DM2 existem diversas medicações disponíveis, tanto em forma de comprimido como injeções de insulina, a escolha do melhor medicamento vai depender das características do paciente e deve ser avaliada caso a caso. Já no DM1, o paciente precisa fazer insulina, pois o corpo para de produzi-la.
CO: O diabetes tem cura?
No caso do diabetes tipo 1, infelizmente, até hoje a medicina ainda não encontrou uma cura, mas fazendo o tratamento corretamente o paciente pode ter uma vida normal; já no caso do diabetes tipo 2 alguns pacientes podem sim ter ''cura''/remissão, por exemplo, o paciente que está muito acima do peso ideal, tem uma alimentação inadequada e descobriu ser diabético há pouco tempo, se este paciente conseguir perder peso, adquirir hábitos de vida saudáveis e fazer o tratamento corretamente pode sim deixar de ser diabético, isso é visto comumente nos pacientes obesos pós cirurgia bariátrica. Na maioria dos casos de diabetes gestacional os níveis de açúcar no sangue voltam ao normal após o parto, mas toda mulher que teve diabetes durante a gestação deve ter hábitos de vida saudáveis e procurar manter um peso normal para reduzir o risco de vir a apresentar DM2 ao longo da vida, pois a grande maioria das mulheres com histórico de diabetes gestacional que está com excesso de peso irá desenvolver DM2 em algum momento da vida.
CO: Todo diabético sabe que possui a doença?
A Federação Internacional de Diabetes estima que 46,5% dos diabéticos não sabem que tem a doença, pois a maioria não tem sintomas; portanto o diabetes deve ser pesquisado naqueles com idade acima de 45 anos ou nos mais jovens, caso haja fatores que os tornem mais suscetíveis à doença (obesidade, hipertensão, história familiar de diabetes, dislipidemia, diagnóstico prévio de diabetes gestacional).
CO: Como pode se evitar a doença?
Tendo hábitos de vida saudáveis, uma alimentação balanceada, evitar o consumo de alimentos ricos em gorduras e açucares, praticando atividade física regular. Não fumar também é importante, o tabagismo aumenta o risco de diabetes. E se você tem algum familiar com DM2 seu risco de ter diabetes é maior, então nestes casos, manter hábitos de vida saudáveis e manter um peso normal é ainda mais importante.
O que é o diabetes
O diabetes é uma doença crônica que ocorre ou quando o pâncreas não produz insulina suficiente - hormônio que regula os níveis de açúcar no sangue - ou quando o corpo não consegue utilizar de maneira efetiva a insulina que o organismo produz. Os tipos mais comuns são:
Tipo 1:
Diabetes Tipo 1 (DM 1) - diabetes mellitus tipo 1 que corresponde a 5 a 10% dos casos, e geralmente acontece em crianças, mas pode aparecer em qualquer faixa etária. Geralmente acomete crianças e adultos jovens, porém pode ser desencadeado em toda faixa etária.
Tipo 2:
Diabetes Tipo 2 (DM 2) - 90 a 95% dos diabéticos possuem o diabetes mellitus tipo 2. Geralmente acontece nos adultos e idosos, mas também pode ocorrer em crianças e adolescentes.
Diabetes Gestacional:
O diabetes diagnosticado durante a gestação. Ao término da gravidez pode acabar ou não. Geralmente é detectado no 3º trimestre da gravidez, através de um teste de sobrecarga de glicose.
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