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Depressão: o mal silencioso do século XXI
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Uma possível tentativa de suicídio e um possível suicido chamaram a atenção dos moradores de Otacílio Costa. As duas situações geraram, além de comoção, um alerta para a sociedade otaciliense a respeito da importância que se deve dar à doença que tem sido chamada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de o mal do século XXI, a depressão.
De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde, divulgado no início de 2017, Santa Catarina é segundo estado com o maior número de depressivos. Já de acordo com a Secretaria de previdência do Ministério da Fazenda a doença já é a quarta principal causa de afastamento dos catarinenses do trabalho em 2017.
Humor depressivo, desinteresse, insegurança, insônia, culpa, baixa autoestima e irritabilidade são alguns dos sintomas da depressão, de acordo com o psicólogo Juliano Dias. Ele, que atende nas Unidades Básicas de Saúde de Otacílio Costa, afirma que o distúrbio atinge pessoas de todas as cores, classes sociais e faixas etárias, e pode gerar a incapacitação para o trabalho.
Ele chama a atenção para um lado da depressão pouco conhecido da população, que é o Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humor. As características são explosões de raiva frequentes e graves manifestadas por violência verbal e/ou física a indivíduos ou propriedades, desproporcionais em intensidade ou duração a? situação ou provocação. Elas acontecem várias vezes por semana. "A depressão tem formas de ação variadas. O transtorno disruptivo da desregulação do humor, que gera uma irritabilidade grave, é uma delas. É preciso levar a depressão a sério, e o conhecimento é essencial para entender a doença e começar o tratamento".
Buscar ajuda para ter saúde mental é essencial para se possuir uma boa qualidade de vida, afirma Juliano. Se tratar com um psicólogo ou um psiquiatra é igual a se procurar um outro profissional da saúde. Aqueles que buscam ter saúde mental e emocional não devem ter vergonha de frequentar os consultórios de tais profissionais.
Pelo município, quem precisar de atendimento psicológico deve agendar uma consulta com um clínico geral da UBS, que fará uma avalição e, se for necessário, encaminhará o paciente para o especialista.
Cerca de 60% dos pacientes atendidos apresentam quadro depressivo, afirma profissional
De acordo com o psicólogo, que atende acerca de 50 pacientes mensalmente, de cada dez pessoas seis possuem um quadro depressivo. Destes, de dois a três tem pensamentos de suicídio e até mesmo já tentaram. "No primeiro momento faço uma orientação para o paciente, chamo um familiar para dar orientações sobre a atenção que deve ser dada a pessoa.Fazemos integração com a equipe do NASF, fazemos grupos para trabalhar os aspectos da vida, não apenas a questão clínica. Buscamos mostrar que há uma saída", afirmou.
Ele salienta que a depressão tem cura. Os tratamentos passam por, em primeiro lugar, buscar informação, ajuda de psicólogos e psiquiatras, apoio familiar e, em determinados casos, o uso de medicamentos.
Deixar de dar atenção a coisas básicas da vida, não se importar consigo mesmo, com a própria aparência, não se alimentar direito, uso de frases negativas como "Não quero mais fazer isso", "Vou me matar", são alguns sinais que familiares e amigos podem identificar, no comportamento do outro, de que a pessoa precisa de ajuda. "A frase 'vou me matar' deve ser ouvida com preocupação. Quando alguém fala tal frase devemos dar atenção e questionar os motivos para a pessoa ter feito essa declaração, pois é uma forma de exteriorizar algo que pode vir a fazer", declarou.
Ainda segundo Juliano, a tristeza e a depressão não são a mesma coisa. Perder um emprego, brigar com alguém e passar um uma situação complicada gera tristeza e abatimento. Ela só é preocupante se persistir. "Existem vários tipos de depressão. Distimia, que é mais crônica, depressão maior, depressão bipolar, dentre outras. Na avaliação, identificamos se o que está acontecendo é de algo comum do dia a dia ou se está caminhando para o diagnóstico de depressão", explicou.
Como a depressão é vista por quem tem a doença
Uma otaciliense, que pediu para não ser identificada, tem sofrido há vários anos com a depressão, e nos contou um pouco de sua luta. Ela declarou que o transtorno chegou em sua vida depois de anos buscando a cura para um problema de saúde.
Ela, que faz uso de dois medicamentos contínuos, declarou como a fé, aliada ao tratamento psicológico e psiquiátrico, ao apoio da família e de amigos, a tem ajudado a vencer a depressão. "A depressão é muito oscilante. Tem dias que estou bem, mas tem dias que não quero levantar da cama. Nós, que enfrentamos tal doença, precisamos de pessoas que nos ouçam. Elas não precisam falar nada, só ouvir mesmo. Meus amigos me ajudam muito nesta questão", revelou ela, que salientou já ter pensado em desistir da vida.
"Já pensei em suicídio duas vezes. Foi Deus quem me ajudou a não seguir em frente com a prática. A fé é muito importante para mim. Quem passa por depressão não deve deixar passar batida a questão, pois a mente está doente e precisa de ajuda. Acabamos perdendo a vontade de viver e nos isolamos. Nesta hora não precisamos de crítica, pois ela colabora para que a depressão aumente e até mesmo para que haja uma tentativa de tirar a própria vida", finalizou.
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