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Julgar ou Advogar?

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Você sabe como não se transformar em juiz do outro? A Fé ensina.

autoridade.pngHá uma diferença muito grande entre julgamento e discernimento, e uma linha muito tênue que separa essas ações. O próprio processo de discernimento faz parte do julgamento. Qual juiz pode julgar sem discernir e avaliar as intenções do réu? Como emitir uma sentença justa sem ter à mão as devidas informações acerca das motivações de quem está sendo julgado?

A fé cristã nos ensina que só Deus é capaz de ver o coração e as intenções de cada ser humano (Provérbios 16:2), e por isso apenas Deus pode julgar de forma acurada aqueles que merecem punição ou castigo. Na verdade, para nós que somos cristãos, a Bíblia diz que nosso Senhor julgará a cada um de nós no dia determinado para o julgamento em seu tribunal (2 Coríntios 5:10).

Nosso problema é que, enquanto seres humanos, gostamos de nos sentar na cadeira do juiz e pronunciar condenação sobre aqueles que, para nós, pecaram e são merecedores de punição. As escrituras são claras em determinar que não julguemos os outros, pois não podemos ser juízes e redentores ao mesmo tempo. Como podemos orar sinceramente por alguém se em nossa mente já o julgamos? Não há como conferir sentença e emitir graça ao mesmo tempo. Não há essa possibilidade. Ao menos para nós, ela não existe. E é por isso que a escritura nos lembra que Deus nos tratará da mesma forma como tratamos os outros. A mesma graça ou severidade que dispensarmos aos outros será a medida do nosso julgamento (Lucas 6:38).

Mas, se é verdade que a bíblia nos manda não julgar, também é verdade que ela nos recomenda ser prudentes e perspicazes, usando de discernimento. Jesus nos ensinou que podemos conhecer a condição espiritual de uma pessoa através dos frutos que sua vida produz (Mateus 7:16). Uvas não podem ser produzidas em espinheiros, e se a vida de alguém produz espinhos, então ela não pode ser uma videira. Isso é julgamento? Não. Isso é perspicácia e discernimento.

A Bíblia nos manda não nos associar com os escarnecedores e tolos (Provérbios 22:10; 17:12). A menos que saibamos identificar os escarnecedores e tolos, não podemos obedecer a esse mandamento divino. Como Cristãos, somos ensinados a observar a vida de todos para nos resguardar e para ajudar as pessoas a evitar possíveis perigos ou influências pecaminosas, e o que nos ajuda nessa tarefa é o discernimento.

Mas se o discernimento é parte do processo de um julgamento, como fazer para não cruzar a divisória? Talvez seja exatamente esse o grande teste da nossa vida. Talvez a diferença entre ser bem-intencionado e hipócrita dependa de que lado da divisória você está. Talvez a grande questão esteja em nosso interior, e o grande teste revele o que de fato há dentro de nós. 

Desde o Éden, quando a tentação real era a possibilidade de se tornar igual a Deus, o inimigo continua a nos fazer essa proposta, e talvez continuemos a aceitando cada vez que nos colocamos na posição de juízes. Cada vez que ultrapassamos a divisória e nos sentamos na cadeira do juiz, o som da mordida no fruto se reproduz e mais uma vez se comprova um problema crônico do ser humano: Não sabemos lidar com limites.

O que fazer? O discernimento só não nos levará a julgar se houver graça e amor em nosso coração. Não podemos cruzar a linha tênue que separa esses dois posicionamentos. Enquanto prudentes, temos que aprender a observar e julgar os frutos da vida dos que nos cercam para nos proteger e para ajudá-los, mas uma vez que deixamos escapar sentenças sobre estes, tomamos assento no trono do juiz. Difícil? Sem dúvida. Impossível? De forma alguma. O Segredo é regar nosso coração de graça e amor.

Dia desses numa reunião na sede da CDL, alguém levantou e protestou, pedindo aos presentes que tivessem amor e falou sobre o voluntariado. O Amor pede atitudes. 

Só podemos ser úteis para nossos irmãos se os enxergarmos através dos olhos de Deus. Se você já ultrapassou essa linha alguma vez na sua vida, como eu já fiz algumas vezes (devo reconhecer isso), você deve pedir perdão ao Senhor por usurpar uma prerrogativa que é apenas d'Ele, e garanta que Deus possa, a partir de agora, a confiar em você como um de seus ministros de reconciliação (2 Coríntios 5:18), sabendo que não nos cabe emitir sentenças. A única coisa que Deus nos permite emitir é o perdão.

O mundo não precisa de mais juízes. O mundo precisa de mais amor.

Até a próxima.

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